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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Trabalho voluntário-Faz bem


Voluntariado: ajudar faz bem à saúde

A atuação voluntária aumenta a expectativa de vida para quem auxilia o próximo, evita doenças graves como as cardiovasculares ou o câncer e ainda previne o estresse e a depressão. Para ser um voluntário não são necessários requisitos especiais, apenas motivação e a vontade de ser solidário.
Há pouco tempo, ser voluntário era apenas uma atividade realizada para ajudar os mais necessitados. Hoje, sabe-se que os benefícios para a saúde de quem pratica o voluntariado são significativos e podem até mesmo aumentar a expectativa de vida. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), “o voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem-estar social, ou outros campos”.
Existem várias formas de atuação voluntária, e todas as pessoas em diferentes faixas etárias (de adolescentes a idosos) podem encontrar alguma atividade que cause identificação e a motivação necessária para continuar atuando. “Cada voluntário tem sua motivação interior para continuar atuando, mas identificar-se com a causa, conhecer e vivenciar os resultados das ações empreendidas solidificam a vontade de persistir no trabalho”, afirma Marta Balotin, presidente do Voluntariado do Centro Infantil Boldrini. Portanto, não é necessário ter nenhum requisito especial para ser voluntário, apenas disposição, boa vontade e tempo disponível.
Por que ajudar?
Segundo especialistas, ser um voluntário estimula a preocupação com os outros e faz com que ocorra uma mobilização por causas de interesse comum. Assim, ao estabelecer laços de solidariedade e confiança mútua, o ser humano fica mais fortalecido para enfrentar as crises e torna a sociedade mais unida ao lutar por um objetivo. “É necessário que a pessoa sinta vontade de se doar em prol de uma causa, que esteja disposta a fazer de sua ação algo que transforme ou melhore alguém ou algum lugar. O potencial e as habilidades de cada um irão se somar para que o resultado da ação seja positivo para todos”, relata Marta. Para Minda Nunes, presidente do Centro de Voluntariado de Osasco e Região (CVOR), escolher a área de atuação é fator fundamental: “Ao decidir em qual trabalho voluntário atuará, o indivíduo deve levar em conta os seus interesses pessoais como tempo disponível, motivação e principalmente se combina com a sua personalidade”.
Identificar-se com a causa, e vivenciar os resultados das ações solidificam a vontade de persistir no trabalho
A economista Lúcia Cantão fundou a Organização Não Governamental (ONG) Banco de Alimentos ao perceber que o desperdício nos alimentos no Brasil prejudicava a saúde de milhares de pessoas. Por ter conhecimentos na área, ela notou que esse problema poderia ser amenizado se ações corretas fossem realizadas. A ONG tem como objetivo minimizar os efeitos da fome, combatendo o desperdício e promovendo a educação e cidadania. “Somos todos um, tudo e todos estão relacionados. Não se trata mais só de mim ou você ou daquele outro: é a humanidade como um todo que está em questão. Ninguém deve mais se abster de sua responsabilidade individual de procurar entender e agir em relação à sua parte no processo de construção do ser humano pleno, da natureza e da vida”, afirma.
Doe seu tempo e ganhe qualidade de vida
● Ao ser voluntário, há a oportunidade de se fazerem amigos, viver novas experiências, sem falar na possibilidade de conhecer outras realidades.
● Trabalho voluntário é uma via de mão dupla: ao doar sua energia e criatividade, quem é solidário enriquece sua formação, aprende informações novas e, ainda, vivencia a satisfação de se sentir útil.
● O voluntariado é uma ferramenta de inclusão social – todos têm o direito de ser voluntários. Crianças, jovens, pessoas portadoras de deficiência, idosos e aposentados são exemplos de pessoas que podem e devem ser mobilizados.
● Não há fórmulas nem modelos a serem seguidos. Cada voluntário deve buscar o seu próprio caminho e se sentir realizado com a escolha.
Benefícios para a saúde
Mas como ajudar o outro pode acarretar benefícios para o próprio voluntário? Em 2008, uma pesquisa realizada na Universidade de Michigan (EUA) revelou que o voluntariado aumenta a expectativa de vida das pessoas que querem ajudar o próximo (e não por razões pessoais, como melhorar o currículo, por exemplo). O estudo, que foi realizado com 10 mil pessoas comprovou que os voluntários viveram cerca de quatro anos a mais comparados com as outras pessoas. De acordo com o estudo, liderado por Sara Kornath e Andrea Fuhrel-Forbis, o voluntariado estimula a produção de hormônios que combatem o estresse e geram a sensação de bem-estar que pode diminuir os efeitos da rotina. Consequentemente, evita doenças graves como problemas cardiovasculares e até câncer.
Ser útil para a sociedade é um dos principais motivos para ser solidário
Ser útil para a sociedade é um dos principais motivos para ser solidário. Médicos especialistas recomendam o trabalho voluntário para quem tem depressão e idosos aposentados que não realizam mais as suas atividades. Os familiares podem não gostar da atitude, mas é um dos melhores caminhos para colocar fim à tristeza e à melancolia. “A atividade de voluntariado a que se dedicam alguns indivíduos ao aposentarem-se sustenta a autoimagem de um cidadão útil, afastando- os dos processos depressivos”, afirma Cícero Coimbra, neurologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Para Minda, essa atitude não pode ser forçada ou negada. “O trabalho voluntário é espontâneo e deve ser respeitado, independente da faixa etária do participante. Por isso, o diálogo é fundamental nesses casos”, expõe. Para menores de idade, é necessária a autorização dos pais.
O psiquiatra americano George Vaillant, diretor de pesquisa do departamento de psiquiatria da Universidade de Harvard, conduziu uma pesquisa com centenas de indivíduos no século passado em relação ao estado emocional sustentado ao longo da vida e à manutenção da lucidez após os 80 anos de idade. Após décadas de pesquisa, concluiu-se que aqueles que mostram maior capacidade de sustentar serenidade e ponderação no enfrentamento de problemas similares tornaram- se lúcidos por mais tempo. “Indivíduos que sustentam elevado estresse emocional inibem a produção de neurônios novos e degeneram células nervosas mais rapidamente, devido à produção de neurotoxinas associada ao estado de sofrimento”, explica Coimbra.
O voluntariado estimula a produção de hormônios que combatem o estresse e geram a sensação de bem-estar
Segundo o neurologista, os voluntários mantêm ativa uma região do cérebro que diminui os riscos de depressões, além de aumentar a capacidade de resolver problemas e reduzir progressivamente as chances de terem demências como Alzheimer, por exemplo.
Além dos benefícios para a saúde, há a descoberta e desenvolvimento de potencialidades; aprendizagem de superação; aumento da criatividade e desperta a consciência social e pessoal do voluntário.
Como e por onde começar?
Quem quer atuar como voluntário e não sabe por onde começar pode procurar na web os centros de voluntariados que ficam mais próximos de sua residência. Há várias formas de atuação, e alguns sites oferecem ainda o serviço de busca de endereço com as entidades mais próximas da sua região. De acordo com Silvia Maria Louzã, do Centro de Voluntariado de São Paulo (CVSP), é importante o voluntário saber o que quer fazer. E, além disso, cada voluntário deve pensar quais as habilidades ou talentos que podem compartilhar. Ele precisa avaliar se pode cumprir o tempo de acordo com a sua disponibilidade, e também é necessária muita responsabilidade. O voluntário pode optar por trabalhar com ações individuais ou juntar-se a grupos comunitários. Para conhecer melhor as áreas de atuação, também é possível assistir a uma palestra nos centros de voluntariados. “Há mais de mil organizações sociais cadastradas no Centro de Voluntariado de São Paulo oferecendo oportunidades de ação voluntária na cidade. Há pessoas de todas as idades, mas observamos que as mulheres são mais solidárias, e as áreas de maior atuação são: saúde, educação e assistência social”, relata Silvia.
Contribuindo com a sociedade
O administrador Fernando Duarte sentiu a sua qualidade de vida e o humor alterarem após se tornar voluntário em Brasília (DF). Ele e mais 25 voluntários realizam palestras de motivação em escolas particulares e públicas. “Desde 2001 faço esse tipo de trabalho e senti uma mudança na minha saúde e nos relacionamentos pessoais e até mesmo profissionais. Já fui muito estressado, mas o fato de ajudar outras pessoas e deixar minha marca na sociedade contribuiu e muito para melhorar a minha qualidade de vida”, diz. Já Lívia Guimarães fundou em 2005 a ONG Atuação para auxiliar os jovens nessa fase difícil do vestibular, e hoje atua também com o recolhimento do óleo de cozinha usado para produzir sabão ecológico, e até criaram uma biblioteca comunitária. Ela relata que, ao ajudar, sente-se realizada e repleta de bem-estar. “Quis compartilhar meu momento de pré-vestibular com outros alunos, e surgiu a ONG. A satisfação é muito grande, sou mais feliz ao me doar”, confessa.
Onde atuar
● Igrejas
● Nos bairros e nas comunidades
● Grupos de auto-ajuda
● Programas promovidos por empresas
● Nos hospitais
● Instituições e programas de melhoria da educação
● Instituições e programas voltados para as pessoas portadoras de necessidades especiais
● Instituições e programas que trabalham com a terceira idade
● Nos grupos e organizações de preservação do meio ambiente
● Nos grupos e movimentos de luta contra a violência
● Nos clubes e associações esportivas
● Nos movimentos de luta contra a pobreza
● Em programas promovidos por órgãos governamentais

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